Lôra acordou sexta-feira santa e achou que tinha morrido. É que rolava o maior coro de ave-maria-cheia-de-graça, alto mesmo, e ela despertou de uma hibernação. Um daqueles apagões que ela tem de vez em quando.
A mestiça tratou de desfazer logo o equivoco, abanando freneticamente o rabo. Eu nem me mexi, pra ver até onde ia a piração da dona. Segurei até a respiração, pra ela achar que tínhamos morrido logo os 3, e, glória das glórias, estávamos num velório coletivo, cães e humana, enfim, reconhecidos pelos mesmos direitos post-mortem.
Eu devia ser roteirista, eu sei.
Pois foi exatamente o que ela pensou. “Alívio. Ao menos nós três subimos juntos pro telhado, os cães não ficaram sem dono, nem serão deportados pra SP.”
A procissão passou e eis que nos descobrimos todos vivos e pulsantes. Daí dormimos mais um pouco, que era pra comemorar.
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